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Suecos bons de bola
Published on January 8, 2005 By Alex Sladevicz In Music
Artigo originalmente redigido em 29ABR2004

A globalização às vezes pode ser fascinante: quem diria que um dia iríamos ter uma banda indie sueca batizada com o primeiro nome do brasileiro que foi Rei do Futebol? Pois Edson, "a banda que nunca recebeu uma resenha desfavorável", segundo atesta o press-release da própria, tomou emprestado o primeiro nome do Rei do Futebol, Pelé, aliás Edson Arantes do Nascimento.

Da gélida Suécia, a banda Edson começou como uma idéia de Pelle Carlberg, em 1998, virando uma banda de fato no ano seguinte. Sempre tendo como ponto forte a voz do líder Pelle, foram chamados para os papéis coadjuvantes - ou para jogar em função do artilheiro - o tocador de guitarra acústica e elétrica Filip Carvell, a flautista Helena Söderman -- que, mais polivalente que Cafu em início de carreira, também joga com harmônica, melódica, glockenspiel, uma espécie de tocador de sino, e com o Wurlitzer, o piano com o qual todo indie sonha --, o outro guitarrista Mårten Josjö, o baixista Mats Deltin e, compondo o meio-campo, digo, a cozinha, o baterista Ulf Lundberg.
Abre parênteses: já que a conversa envolve futebol, Suécia e Ulf, alguém viu o documentário "Ulf, o filho sueco de Garrincha"? Passou algumas vezes na ESPN Brasil há uns dois anos. Fecha.

Nos jogos oficiais, uma média de 30 por ano, a banda-time leva todo este aparato, fazendo com que os bilhetes de entrada sejam muito procurados, tanto por fãs quanto por músicos locais.

Edson tem contrato assinado com a gravadora Labrador, fazendo companhia a Airliner, Aerospace e Club 8, entre outras. O site, www.labrador.se, é bem bacana apesar de indie, com razoável quantidade de informações e o cuidado de produzir releases bilíngües, sueco e inglês, das bandas no formato PDF. Pela Labrador, Edson já lançou quatro discos, sendo um EP-single, "One Last Song For You Know What", com quatro músicas, e 3 full lengths: "Unwind With Edson", "For Strength" e o recém-lançado "Every Day, Every Second".

Autodefinido como "música uncool para fãs de Smiths e Cat Stevens", a banda Edson de "Every Day, Every Second" encarna não apenas a busca pelo pop perfeito dos britânicos e a simplicidade lírica rural do folk da terra do Tio Sam, como também o palmindie do Belle & Sebastian em "Minus Minus Equal Plus" e na folkpop "148020", o rock lento, triste e arrastado em "Sunny Day" e "Underdog-Overdog", com direito a uma tabelinha vocal entre o artilheiro Pelle e a polivalente Helena, tendo como destaque, ao fundo, o multiinstrumentismo da última.

É claro que se você é fã de guitarras distorcidas, este disco lhe será odiosamente chato. Mas se, por outro lado, és da turma que aprecia um pop com pianinho, flauta e experimentações instrumentais contidas, que têm o objetivo de fazer escada para o vocalista, vista a camisa do seu time, leve bandeira, escolha um lugar nas cativas e fique só esperando pra correr pro abraço. Pelle Carlberg, como todo craque que tem um esquema tático voltado pro seu estilo, costuma aparecer na hora certa, anotando os gols necessários para a vitória, mas sem cometer exageros que possam lhe causar um cartão vermelho.

Por essas e outras, o Edson está mais para um gol 'folha seca' de Didi do que praquele golaço do próprio Pelé contra a Suécia na final da Copa de 58. Ou um gol do atual Ronaldinho Gaúcho.


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